AVALIAÇÃO: HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA III

“Os céus e todo o resto do universo pregam a glória, o poder e a unidade de Deus: apenas o homem, essa obra-prima do criador entre as coisas sensíveis, apenas o homem, digo, fornece grandes objeções contra a unidade de Deus.”(Pierre Bayle, Nota D, verbete Maniqueus. Dicionário Histórico e Crítico)

“Poder-se-ia objetar a esse filósofo [o maniqueu] milhares de grandes dificuldades; mas como ele acharia respostas, e que após tudo isso ele exigiria que lhe fornecêssemos uma hipótese melhor, (...), nunca o conduziríamos à verdade. A razão humana é muito frágil para tanto, ela é um princípio de destruição, e não de edificação: ela não está apta senão a formar dúvidas, e de se virar à direita e à esquerda para eternizar uma disputa(...)ela é adequada apenas para fazer o homem conhecer suas trevas e sua impotência, e a necessidade de uma outra revelação.” (Pierre Bayle, Nota D, verbete Maniqueus. Dicionário Histórico e Crítico)

“É possível explicar os mistérios o tanto necessário para crer neles, mas não é possível compreender nem fazer entender como eles acontecem; é assim que mesmo em física explicamos até certo ponto muitas qualidades sensíveis, mas de uma maneira imperfeita, pois não as compreendemos. Não nos é possível também provar os mistérios pela razão; pois tudo o que se pode provar a priori, ou pela razão pura, pode-se compreender. Tudo que nos resta então, após ter dado fé aos mistérios sobre as provas da verdade da religião (chamadas motivos de credibilidade), é poder sustentá-los contra as objeções; sem o que não se teria fundamento para crê-los; tudo o que pode ser refutado de uma maneira sólida e demonstrativa não pode deixar de ser falso, e as provas da verdade da religião, que não podem fornecer senão uma certeza moral, seriam abaladas e mesmo superadas por objeções que forneceriam uma certeza absoluta, se elas fossem convincentes e absolutamente demonstrativas.” (Leibniz, Discurso da conformidade da fé com a razão)

“O resultado desse processo jurídico perante o fórum da filosofia é este: toda teodicéia até agora não realizou aquilo que prometeu, isto é, a defesa da sabedoria moral do governo do mundo contra as dúvidas levantadas contra ela com base naquilo que a experiência deste mundo ensina – (...) Mas, novamente, mesmo que no futuro sejam encontrados fundamentos mais sólidos para a defesa da razão acusada – para absolvê-la não (como até agora) meramentre ab instantia -, isso permanecerá sem solução, caso não tenhamos sucesso no estabelecimento certo de que nossa razão é absolutamente incapaz de compreender a relação de qualquer mundo que jamais venhamos a nos familiarizar pela experiência com a sabedoria mais alta, assim, toda tentativa futura de uma suposta razão de compreender os caminhos da sabedoria divina é totalmente desfeita.” (Kant, I. Sobre o insucesso de toda tentativa de teodicéia).

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