MINI-CURSO SOBRE ROUSSEAU E A CRÍTICA À MORAL FUNDADA NO INTERESSE -PROF. GENILDO FERREIRA DA SILVA (UFBA)

A fundamentação da moral amparada no interesse e a crítica rousseauniana
Genildo Ferreira da Silva,
Prof. do Programa de Pós-graduação em Filosofia/UFBa
Doutor em Filosofia pela Unicamp
genildo@ufba.br
10-12 DE NOVEMBRO, 2010. ÀS 15:00 HS
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. R. DR. FAIVRE. ED. D. PEDRO II, SALA 405

O fundamento da moral é um dos temas centrais da filosofia moderna e o tratamento da noção de interesse se
impõe para os filósofos do século XVIII como base da fundamentação da moral. Na acepção de Helvétius, é preciso
conhecer o coração humano e saber que os homens, indiferentes para com os outros, “não nasceram nem bons nem
maus”, mas prontos a serem um ou outro, segundo o interesse comum que os aproxime ou separe. É preciso saber, ainda,
que a sensibilidade física produziu em nós o amor ao prazer e o ódio à dor; que o prazer e a dor foram depositados em
todos os corações, e aí fizeram “desabrochar o germe do amor de si”, cujo desenvolvimento deu origem às paixões, de
onde saíram todos os nossos vícios e virtudes. Helvétius liga o “amor de si” ao interesse pessoal, que é o único juiz do
mérito das ações dos homens. Tais conclusões permitiriam ao moralista lançar-se à edificação de uma moral eficaz, em
harmonia com a natureza humana. A leitura de Helvétius deixa ver a importância que reveste sua concepção no combate
que contrapõe a moral das Luzes e a moral da religião.
Rousseau, entretanto, reagiu à fundamentação da moral amparada no interesse. No Emílio critica Helvétius e
suas “desoladoras doutrinas” rejeitando sem rodeios a moral do interesse. Para ele, o homem não só quer ser feliz, mas
quer também a felicidade do outro, e, quando essa felicidade é desinteressada, ela torna-se maior. Nesse mini curso,
pretendemos mostrar que a teoria da moral do interesse não poderia resistir ao pessimismo de Rousseau concernente à
vida do homem em sociedade. Para tanto, buscaremos apresentar uma possível definição da moral em Rousseau na
consideração do sentimento e amor à ordem, iremos tratar especificamente da noção de sentimento, eleito por Rousseau
como o campo para se definir a origem dos conceitos morais. É nosso objetivo esclarecer como o filósofo colocou-se na
trilha de uma moral religiosa civil, ou seja, de uma possível moral laica, que favorece o nascimento de uma
fundamentação racional não místico-teológica do agir moral.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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établie par Laurent Versini. Paris: Éditions Ròbert Laffont, 1995.
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par l'Institut National de la Langue Française, Centre National de la Recherche Scientifique, 1997. Disponível em:
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HOLBACH, Paul Henri Dietrich (D’). La morale universelle ou Les devoirs de l'homme fondés sur sa nature.
Document extrait de la base de données textuelles Frantext réalisée par l'Institut National de la Langue
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